terça-feira, 25 de outubro de 2011

REALIDADE PENSANTE - ATO XV - Igreja N. Sra Mãe de Deus (Carlos Barbosa - RS)


Não se trata de uma Igreja muito antiga (a construção é de 1948), e embora esteja modificada no presbitério não deixa de ser uma bela e aconchegante Matriz, linda como a cidade de Carlos Barbosa, pérola pequenina do Vale dos Vinhedos... que saudade...























segunda-feira, 25 de julho de 2011

REALIDADE PENSANTE - ATO XIV - Nosso tesouro

Caros, gostaria de dividir com vocês alguns aspectos que absorvi da liturgia de Domingo, onde lembramos da maneira que devemos buscar a Deus, onde colocamos nosso coração.
Nasce uma provocação a partir da Primeira Leitura (1Rs 3, 5.7-12), onde temos a figura do rei Salomão pedindo a Deus, com humildade, a sabedoria para governar o povo. Quisera eu ver nossos governantes tomando tal atitude, mas não entremos nesta seara pois não temos acesso à vida interior deles (quiçá sejam mais piedosos que eu... Deus o sabe). Mas impressiona ver Salomão reconhecendo-se incapaz mas consciente de sua missão - sabia que de Deus lhe fora dado. Salomão não era naturalmente o rei a substituir Davi. Filho de Betsabéia (aquela do pecado de Davi) e o mais novo da estirpe, não seria a cabeça a ser coroada, haja vista que o rei seria o mais velho. A Providência atuou na situação, inclusive servindo-se do profeta Natã para torná-lo rei. E sendo humilde agradou a Deus que o fez o homem mais sábio da história. E o que é a sabedoria? Responde-nos o Papa Bento XVI: “sabedoria”(..) uma mensagem que conjuga fé e vida, verdade e realidade concreta (S.S. Bento XVI, 05/07/2010, em visita a Carpineto Romano, terra natal do Papa Leão XIII), significa uma consciência que sabe ouvir, que é sensível à voz da verdade e, portanto, é capaz de discernir o bem do mal (idem, 24/07/2011, Castelgandolfo, Angelus dominical.). Guardemos por enquanto este sinal.
Para o Salmo Responsorial (Sl 118), vale a pena fazer o exercício que Ir. Prioresa Hildegardes (Prioresa da Abadia de São João Batista, Campos do Jordão - SP) nos ensinou no retiro dos Oblatos, onde substituímos as palavras "lei", "mandamentos", "palavra", pelo Santo Nome Jesus no Salmo 118. Nos ajudará a meditar melhor.
Na Segunda Leitura (Rm 8, 28-30) temos uma recordação de São Paulo acerca de nossa predestinação. Vale lembrar que o termo predestinação não quer de maneira alguma representar o pensamento de João Calvino, onde os predestinados à salvação já estão salvos e os predestinados à condenação já estão condenados. Importante rechaçarmos qualquer pensamento dessa natureza que tente invadir nossa meditação. São Paulo nos fala de nosso fim último, a santidade, que está ao alcance de todos. Fomos predestinados, ou seja, nascemos para querer, lutar e alcançar a salvação. Contudo o Senhor bate a porta e somente quem quiser abrir o terá à mesa, como nos diz São João (Ap 3, 20). No Ofício Divino Romano, este trecho encontra-se como Leitura Breve nas II Vésperas do Comum dos Santos Homens, do Comum das Santas Mulheres, do Comum dos Santos e Santas Religiosos, do Comum dos Santos e Santas que se dedicaram às Obras de Caridade e do Comum dos Santos e Santas Educadores. Sabiamente a Igreja distribui na celebração destes Ofícios essa lembrança do Apóstolo de que nascemos para a salvação, sejamos homens e mulheres leigos ou religiosos, em todas as atividades que executarmos, sobretudo àquelas em favor do próximo (cf. At 2, 42). Fiquemos com este aspecto também para penetrarmos no cerne do ensinamento do Senhor no Evangelho.
O Evangelho (Mt 13, 44-52) começa com as chamadas "parábolas gêmeas" que tratam de comparação do Reino dos Céus a situações de busca intensa. Talvez não o compreendamos por não ser uma realidade de nossa época - Jesus fazia uma leitura excepcional de situações de seu tempo (não dizemos que Ele tinha essa virtude, pois Ele é a fonte de todas as virtudes). Pessoas que precisavam ir embora de suas terras emergencialmente e eram portadoras de grande fortuna costumavam enterrar seus tesouros, e raramente voltavam para buscá-los. Igualmente, mercadores daquilo que era considerado mais precioso pelas pessoas do Oriente Médio - pérolas - eram figuras comuns. Assim entendemos o afã do comprador do terreno onde está enterrado o tesouro e do mercador que adquire a pérola preciosa - ambos se desfazem do que têm em nome do bem maior. Assim entendemos a postura de tantos que abdicam de sua fortuna pessoal em nome de uma vida austera. Entendemos os valores que atraíram homens como Francisco de Assis, Teresa de Lisieux e Bento de Núrsia. Por outro lado, o Senhor mostra a separação dos peixes bons e ruins. Somos capazes de entender nos momentos que cercam nosso cotidiano as ocasiões de escolhermos entre o Reino dos Céus e a condenação eterna (cf. Pr 4, 25; Eclo 15, 17-18; Dt 30, 19)? A Palavra é a mesma pelos séculos: "Felizes os teus servos! Felizes esses servos que sempre estão diante de ti e ouvem tua sabedoria! (IICr 9,7)". Neste momento lembramos o motivo de nossa existência - como de forma incisiva nos foi dito por São Paulo na Segunda Leitura - e o método de optarmos unicamente pelo Senhor, de comprarmos o campo onde está enterrado o tesouro e não outro, de comprarmos a pérola preciosa e não a falsa, de sermos contados entre os bons peixes: o método de Salomão. Somos limitados e não nos reconhecemos como tal. Geralmente somos autosuficientes, repletos de nossos conceitos, nossas políticas, nossos tesouros pessoais onde eu sou o artigo mais precioso do meu baú (lembrando que "Eu sou" remete às manifestações de Deus no Antigo Testamento e da divindade de nosso Senhor Jesus Cristo... quão aquém estamos...). Acaso agindo assim somos inteligentes? Evidentemente não. Que dirá sábios! E há quanto tempo vemos catástrofes mundiais que se devem a essa postura do homem? Desde que o mundo é mundo, não é. E deixemos de olhar a palha no olho do irmão e retiremos a trave dos nossos olhos (Lc 6, 41). Somos capazes de identificar em nossas vidas situações em que, graças à nossa autosuficiência e atitude pedante, erramos gravemente e promovemos verdadeiras catástrofes na edificação dos irmãos? Iniciemos o método do rei Salomão: reconheçamo-nos pecadores, necessitados da graça divina, inúteis em nosso proceder sem o divino auxílio, míseros em nossa pregação, vazios de tudo que há de bom e necessário para a práxis cristã. Seria este o momento de procurarmos uma boa confissão? Seria este o momento de rever nossa busca de Deus? Queremos a Deus como Ele é, o adoramos e amamos cada dia como Ele merece? Avaliemos em nossa meditação se não estamos fazendo uma caricatura de Deus, se o estamos moldando ao nosso belprazer. Perguntaram a Pai Macarius, "como devemos rezar?" O ancião disse "não é necessário fazer grandes discursos; é suficiente erguer as mãos e dizer, "Senhor, como desejas e como conheces, tenha piedade." E se o conflito crescer, digam, "Senhor, ajuda!" Ele sabe muito bem o que precisamos e Ele nos mostra sua misericórdia." (Apophtegmas). O segundo ponto do método de Salomão consiste em pedir a Deus a sabedoria para guiar nossos passos, pensamentos, palavras e ações. Levemos para a semana a jaculatória "Dá-me sabedoria, Senhor" e nos dediquemos a dizê-la em diversos momentos do dia. Só Ele é sábio, só Ele tem o poder de nos fazer sábios. E o que é isso senão buscar primeiramente o Reino de Deus (Lc 12, 31)? Sabemos a consequência disso, não é? O Senhor se encarrega do restante (Sl 120). Lembrando o que nos diz o Apóstolo São Tiago: "Se alguém de vós necessita de sabedoria, peça-a a Deus - que a todos dá liberalmente, com simplicidade e sem recriminação - e ser-lhe-á dada. (Tg 1, 5)". Recebamos outro ensinamento do Deserto: Syncletica, Mãe do Deserto, disse: "No começo, há luta e muito trabalho para os que se aproximam de Deus. Mas, depois disso, há uma indescritível alegria. É como acender uma fogueira: no início há muita fumaça e seus olhos lacrimejam, mas depois você consegue o resultado desejado. Assim devemos acender o fogo divino em nós mesmos, com lágrimas e esforço (Apophtegmas).
Peçamos à Virgem Maria, Sedes Sapientiae (Ladainha Lauretana), que nos ajude a buscar a sabedoria de nosso Senhor em nossas atitudes. Que ela nos ajude a encontrar em nossa vida maneiras de vivermos em profunda comunhão com nosso Senhor utilizando dos meios oferecidos por Ele a nós através da Santa Igreja: confissão, comunhão e meditação da Palavra. Que a amizade com Nossa Senhora faça eliminar de nossos pensamentos a tentação de tornar os santos meios de intimidade com o Eterno uma rotina. E que, pelo contrário, saibamos sempre retirar deste Tesouro inestimável coisas novas e velhas (Mt 13, 52), afinal onde está nosso tesouro aí está nosso coração (Mt 6, 21).
Boa semana a todos!